Há 2 semanas, concluí a leitura do livro A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery, e que leitura maravilhosa e envolvente. No livro, vamos conhecer intimamente a história de Renné, a zeladora de um prédio da classe alta parisiense, que se comporta como uma pessoa ranzinza e ignorante diante dos moradores, mas que, apesar disso, é muito inteligente, culta e gosta de ler livros aclamados, além de se interessar por filosofia. No entanto, por acreditar que esse é o certo a se fazer, esconde dos moradores do prédio sua real identidade e à alimenta clandestinamente, já que ela não é daquele grupo social.
Outra
personagem muito presente no livro é a Paloma, uma adolescente de 12 anos que mora
com seus pais e sua irmã mais velha no prédio que Renné trabalha. Paloma, de
fato, é uma menina muito rica e tem noção disso, mas se distingue de sua
família por ter pensamentos que são considerados até mesmo curioso para os
leitores, tendo em vista sua idade. A jovem, que é muito inteligente e curiosa,
por ter consciência do parâmetro social em qual está inserida e por ter
questionamentos quanto aos valores e ao sentido da vida, decide que, se não
encontrar um motivo para viver até seus 13 anos, irá se suicidar.
“Ninguém
parece ter pensado no fato de que, se a existência é absurda, ser
brilhantemente bem-sucedido tem tanto valor quanto fracassar. É apenas mais
confortável. E mais: acho que a lucidez torna o sucesso amargo, ao passo que a
mediocridade espera sempre alguma coisa.” – Paloma, cap 3, pág. 15
A princípio, Renné e Paloma não têm
uma relação direta, elas se conhecem, mas não conversam, no entanto tudo muda quando
o japonês Kakuro Ozu se muda para o prédio. Apesar de ser rico, Kakuro tem
características e ideais que o diferencia dos demais moradores – como seu
tratamento com os outros e principalmente com Renné. Assim, logo ele simpatiza
com Paloma e em uma de suas conversas, ao falarem sobre Renné, ambos têm o
mesmo pensamento sobre ela: acreditam que ela é mais do que demonstra ser. No
decorrer da história os personagens serão postos em situações que farão com que
eles venham a se comunicar e com isso acabam se aproximando mais, até que
Kakuro e Paloma vêm a conhecer verdadeiramente a Renné.
O
livro é narrado em 1ª pessoa e os capítulos são alternados, onde ora é narrado
pela Renné (ela fala sobre a vida dela, filosofia, os moradores do prédio etc.)
ora é narrado pela Paloma (que fala sobre sua vida e vivência em família e seus
pensamentos profundos). Acredito que, por Muriel, além de autora, ser
professora de filosofia acabou influenciando na escrita do livro, que conta com
diversas citações filosóficas no decorrer da história.
A
escrita da autora é muito boa, acaba tornando a leitura envolvente e os
personagens são bem desenvolvidos, o leitor acaba se apegando. É um livro
relativamente curto, pouco mais de 190 páginas, mas que possui duras críticas
quanto a diferença de classes e questões de poder em sociedade, além de
reflexões sobre o comportamento em sociedade, interesses, meritocracia,
empatia, diferença de classes e a vida, de modo geral.
Ler
A Elegância do Ouriço é se convidar a refletir sobre as condições humanas e ao
que verdadeiramente importa. Gostei muito de ter realizado essa leitura,
agregou demais na minha bagagem literária e com certeza é um livro que eu irei
ler em outro momento. É um livro cheio de ensinamentos capaz de nos fazer
repensar sobre as nossas atitudes, tratamento com os outros, vaidades e, além
de tudo, a ver beleza na arte, no amor e na vida.
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